Bombeiro é condenado a 17 anos por matar policial penal após discussão em bar de BH
O subtenente do Corpo de Bombeiros Naire Assis Ribeiro foi condenado a 17 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato do policial penal Wallysson Alves dos Santos Guedes, ocorrido em fevereiro de 2024, em um bar no bairro Santa Tereza, Região Leste de Belo Horizonte.
O julgamento, encerrado na madrugada de terça-feira (15/07), considerou o crime como homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e com recurso que dificultou a defesa da vítima. Apesar da denúncia do Ministério Público incluir discriminação racial, o júri absolveu o réu dessa acusação específica.
Ligação revela injúria racial Durante o processo, veio à tona a gravação de uma ligação feita por Naire ao número 190, em que ele se referiu à vítima como “haitiano” e “negro” de forma pejorativa, contestando o fato de Wallysson estar armado e se identificar como policial. A Promotoria entendeu que havia motivação racial no crime, mas essa tese não foi acolhida pelo júri popular.
Discussão, disparos e morte Segundo a denúncia, Naire e Wallysson não se conheciam. Ambos estavam no bar e, após uma discussão sobre a profissão da vítima, o bombeiro foi até sua casa, pegou um revólver e voltou ao estabelecimento. Na presença de testemunhas, disparou cinco vezes contra o policial penal, atingindo tórax e braços. Wallysson foi socorrido e levado ao Hospital João XXIII, mas morreu durante a cirurgia.
Prisão mantida Após o crime, o réu voltou para casa e tentou sair de carro, mas foi abordado e preso pela Polícia Militar. Na audiência, ele afirmou que pretendia se entregar no batalhão do Corpo de Bombeiros. O juiz Vitor Marcos de Almeida Silva manteve a prisão preventiva e autorizou a expedição da guia de execução provisória da pena.
O caso gerou comoção entre profissionais da segurança pública e reabriu debates sobre racismo estrutural nas instituições militares.