O delegado Itamar Cláudio Neto, que trabalhava no mesmo lugar que a escrivã Rafaela Drummond, de 32 anos, que tirou a própria vida no início de junho deste ano, foi condenado a pagar R$ 2 mil de multa pela omissão às denúncias de assédio sofridas pela servidora. A decisão foi assinada em uma audiência nesta segunda-feira (27/11), em Carandaí, na Região do Campo das VertentesNeto é acusado de condescendência criminosa. A conduta é caracterizada quando um superior deixa, por indulgência, de responsabilizar um subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falta competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade que a tenha.

Antes de morrer, Rafaela denunciou constantes casos de assédio moral e sexual que vinha sofrendo de colegas e do próprio delegado.. O acordo foi proposto pelo Ministério Público. A quantia de R$ 2 mil em multa será revertida ao Centro de Conveniência e Permanência para idosos do município de Carandaí.

O pai de Rafaela, Aldair Drummond, acompanhou a audiência e lamentou a decisão. “Eles saíram comemorando. (Ele) vai pagar R$ 2 mil, e minha filha está morta. Houve, sim, assédio moral. Ele [delegado] acabou com a autoestima da minha filha. O que presenciei hoje foi muito triste, vi no semblante deles a satisfação”, diz, em um vídeo compartilhado nas redes sociais.

“Abaixei a cabeça e pedi a Deus para discernir. Minha filha não está mais aqui, mas Deus vai saber fazer tudo. Agora, nos restou culpar o Estado”, finaliza.

A multa deve ser paga até 27 de dezembro deste ano. Segundo o Portal da Transparência de Minas Gerais, a última remuneração informada, em setembro, foi de R$11.715,65. O valor proposto corresponde a menos de 18% do salário.  

O caso deve ser arquivado.