segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

 


Eu tinha 28 anos quando vesti a farda pela primeira vez. Buscava estabilidade, segurança financeira. Em troca, encontrei apenas uma falsa sensação de estabilidade. A polícia desmoronou, pouco a pouco, todo o meu ponto de equilíbrio: moral, espiritual, físico e psicológico.

Por muitos anos, acreditei que tinha me encontrado. Acreditava na justiça exercida pela instituição. Sempre me dediquei a produzir: incontáveis flagrantes, incontáveis ocorrências. Com o tempo, vieram os questionamentos. Quanto mais eu produzia, mais ônus eu recebia. Folgas canceladas, processos, condenações. Produzir passou a ser sinônimo de castigo, não apenas entendido, mas sentido na pele.

Meu senso de justiça não me permitia ver algo errado e simplesmente ignorar. Mesmo entendendo o jogo, esse sentimento continuava a me impulsionar. O resultado era sempre o mesmo: mais processos, mais covardias. Tive meus “reconhecimentos” pela instituição, quase sempre seguidos por mais um procedimento disciplinar, mais uma condenação. Tudo começou a perder o sentido.

A missão deixou de ser manter a paz. Passou a ser apenas limpar a sujeira. Não era defender o povo, mas seguir protocolo, pouco importando a necessidade do próximo. O juramento de sacrifício, infelizmente, alcançou minha família: ausência, impaciência, desequilíbrio emocional. Por anos, eles pagaram esse preço. Muito do que aconteceu é irreversível.

A crise existencial chegou. Psicologicamente destruído, eu também destruía quem amava. O mesmo motivo que me fez entrar foi o que me fez sair: a busca por estabilidade. Agora, não a financeira, mas a estabilidade da minha sanidade, da minha saúde, da minha vida espiritual.

Na caserna, ganhei e perdi amizades. Agradeço a Deus por ter minha família, minha maior conquista. Após alguns anos que hoje reconheço como um período de pré-depressão, resolvi mudar a direção. Escolhi quem me escolhe todos os dias: minha família.

A lição é clara: quando você decide mudar, as coisas tendem a piorar. Muitos viram as costas, outros passam a perseguir. Mas, se você estiver com Deus, mesmo sozinho, estará em superioridade numérica. Mesmo sendo praça, estará com o General dos generais.

Por isso, siga em frente.

  Eu tinha 28 anos quando vesti a farda pela primeira vez. Buscava estabilidade, segurança financeira. Em troca, encontrei apenas uma falsa ...