"Escolhi seguir. Porque esperar já não fazia sentido."
Durante 16 anos, vesti a farda da Polícia Militar de Minas Gerais com honra. Ficha limpa, histórico operacional consistente, uma vida inteira dedicada a servir. Mas quando chegou a hora de pausar — reorganizar a vida com a família, respirar, me realinhar — ouvi um “não”.
A resposta não surpreendeu. Embora vários superiores tenham recomendado que eu buscasse a licença, sabíamos que a decisão já estava selada no alto comando: nenhuma autorização seria concedida. Não importavam o mérito, o histórico, ou a transparência da minha intenção. Apenas a regra, fria e inflexível.
Poderia ter feito diferente. Muita gente sugeriu. Inventar um laudo médico. Simular um curso fora. Criar uma desculpa qualquer que encaixasse nos moldes do sistema. Mas preferi seguir o caminho mais difícil — o da verdade. Sem atalhos, sem encenação.
E descobri que, às vezes, ser correto cobra um preço. A retidão, por si só, não basta para despertar empatia institucional. O sistema prefere perder quem construiu história a abrir exceções justas. Um sistema que teme o precedente mais do que valoriza o profissional.
Mas não escrevo com mágoa. Escrevo com clareza.
Há um momento em que todo servidor percebe: você é necessário... até o dia em que não for mais. E nesse instante, descobre que não era parte da engrenagem — era apenas combustível.
Hoje sigo em frente. Com a consciência tranquila, a documentação em ordem e um novo destino pela frente. Legalmente autorizado a viver e trabalhar nos Estados Unidos, começo um novo capítulo. Não por fuga. Por decisão. Por liberdade. Por saúde. Por qualidade de vida. Por princípios.
A farda ficou. Os valores não.
E é com esses valores que sigo — para servir de outras formas, em outros lugares, com a mesma honra de sempre.
Aos que ficam: cuidem-se.
Aos que pensam em sair: preparem-se.
E a todos nós: que jamais negociemos a dignidade.
2º SGT PM HUGO – "até o término das férias e a formalização da baixa oficial".
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@hugo.aocaetano