Carta de um Servidor da Ativa para um Veterano
"Boa tarde, nobre veterano. Não sei quanto tempo o senhor já está na reserva, mas não me considero mais um recruta, pois já passei da metade do caminho na PMMG. Com todo o respeito, peço humildemente que nos dê uma direção, pois nós, da ativa, estamos enfrentando grandes desafios nos dias de hoje.
Atualmente, todas as nossas viaturas são rastreadas, o que nos impede de organizar uma 'operação tartaruga'. Quando rumores de algo assim chegam ao conhecimento dos comandantes, os oficiais de companhia vão imediatamente às ruas para fiscalizar se as viaturas estão atendendo as ocorrências como de costume. Somos vigiados dia e noite, observados de perto para garantir que não haja nenhum tipo de paralisação ou insatisfação pública.
Agora, imagine nossa situação: somos todos pais de família, com filhos para criar. Estamos na meia-idade e não podemos nos arriscar. O que o comandante geral quer é encontrar alguém da ativa para usar como exemplo, punindo-o severamente para manter o controle sobre toda a tropa. Por isso, peço encarecidamente ao senhor, com sua experiência e sabedoria, que nos mostre um caminho, uma estratégia que possamos seguir.
Sou da ativa, mas já participei de várias manifestações em Belo Horizonte, inclusive a última, que, na minha opinião, não passou de um 'palanque político' para os parlamentares, tanto estaduais quanto federais. Nada de concreto foi resolvido. Nos grupos das companhias, qualquer tentativa de reclamação é imediatamente silenciada por oficiais. Ironicamente, quando esses mesmos oficiais vão para a reserva, eles passam a exigir do governo aquilo que um dia nos calaram ao tentar reivindicar.
Posso lhe garantir, nobre veterano, que a tropa da ativa está adoecendo. Estamos endividados, sem saber para onde correr ou de quem cobrar. De um lado, temos um governo que não nos valoriza; do outro, somos impedidos de buscar alternativas, como o famoso 'bico', sob pena de sermos perseguidos como criminosos. O que podemos fazer?
Por isso, tenha certeza de que nós, da ativa, estamos atentos e preocupados. Quando ouvimos dos veteranos que estamos de braços cruzados, isso simplesmente não é verdade. Estamos de fato atados, presos a um regulamento que nos limita, a menos que estejamos dispostos a perder nossos empregos e arriscar o sustento de nossas famílias.
Pense bem, nobre amigo veterano. O que o governo está fazendo é dividir a classe: veteranos de um lado, ativos de outro, e essa divisão só enfraquece nossa luta. Nós queremos participar, estamos dispostos, mas precisamos que nos ensinem a fórmula."