terça-feira, 16 de janeiro de 2024

DOIS MESES APÓS O CASO Delegada que ficou trancada em apartamento em BH faz desabafo na web Ela denunciou que durante a abordagem os policiais da operação teriam feito disparos de balas de borracha; caso ainda é investigado Siga O TEMPO no Google News Por RAYLLAN OLIVEIRA Ter, 16/01/24 - 07h00

 

A delegada Monah Zein, de 38 anos, que ficou trancada por mais de 30 horas dentro do apartamento dela, no bairro Ouro Preto, em Belo Horizonte, utilizou as redes sociais na madrugada desta terça-feira (16 de janeiro) para denunciar o tratamento recebido pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) após o episódio que ocorreu no fim de novembro do ano passado, entre os dias 21 e 22. Ela disse que, durante a abordagem, os policiais que participaram da operação teriam feito disparos de balas de borracha em direção à parede do apartamento. Zein reafirmou ter atirado contra os agentes e justificou que essa foi uma reação à situação de pressão proporcionada pelo momento. Na ocasião, a delegada chegou a ser presa, mas teve a liberdade provisória determinada pela Justiça no dia 24 de novembro. O caso está em segredo de Justiça.

"Passados dois meses, tudo o que tive da instituição foi bloqueios, novas sindicâncias e nenhuma (nem mesmo fingindo) procura para saber se o surto psicótico passou, se melhorei", publicou em uma rede social. A delegada também divulgou uma imagem da parede do apartamento com marcas que seriam de bala de borracha. "Duas marcas causadas por disparos de arma de borracha. Não assumidas pelos causadores e muito menos na coletiva (feita pela Polícia Civil sobre o caso) que me fez uma criminosa", acrescentou.

A delegada também questionou os boletins de ocorrência registrados em relação à operação realizada no apartamento dela. Segundo Zein, foram três registros formais, que não citam a dinâmica dos acontecimentos e nem a atuação das equipes. De acordo com ela, os registros possuem divergências.

"Em um registro há inclusive um auto de resistência onde alega-se que, ao cumprirem um mandado de prisão contra mim, eu me debati e atirei em todos, então fui sedada. Não houve prisão, não houve voz de prisão, não me debati, não fui atendida pelo Samu. Fui simplesmente cercada por dez policiais que não paravam de vir para cima de mim, sendo empurrada, sedada e sem chance de dar a minha versão dos fatos", escreveu

Monah Zein também admitiu ter atirado contra os policiais. No entanto, segundo ela, essa teria sido uma reação "à dinâmica dos fatos pelo estresse e pelo medo que passou durante a operação". "Um disparo não é capaz de atentar contra a vida de quatro pessoas, especialmente quando três estão atrás de escudo balístico e outra atrás da porta. Eu não recebi eles a tiros, eu aguentei foi e muito a violação de direitos que eu estava vivendo por pessoas que não confio", acrescentou.

A delegada também elogiou a decisão da Justiça, que, durante a audiência de custódia, optou por não determinar a prisão provisória e o afastamento do cargo. "Ainda existe quem entende de direitos fundamentais e não precisa de conjectura para saber que aquilo não foi legítimo, nem justificável, passando de todos os limites aceitáveis. Chegando ao deplorável fim de precisaram esconder o que fizeram e me incriminar para não responderem pelos excessos", finalizou.

A reportagem de O TEMPO questionou a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) sobre o relato publicado pela delegada e as denúncias apontadas por ela. A matéria será atualizada com o posicionamento. A Justiça também foi questionada sobre o estágio da investigação.


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