domingo, 28 de dezembro de 2025

E o Oscar da política mineira vai para... Lá se vão sete anos e o governo de Pimentel segue rendendo dividendos políticos a Zema

 EM MINAS | Opinião

E o Oscar da política mineira vai para...

Lá se vão sete anos e o governo de Pimentel segue rendendo dividendos políticos a Zema

Bertha Maakaroun

Publicado em 28/12/2025

Assim como Jair Bolsonaro (PL) está para o PT e Lula, a personagem encarnada hoje pelo governador Romeu Zema (Novo) não existiria sem o malfadado governo Fernando Pimentel (PT). Não só porque Pimentel, em acordo político com os seus antecessores, chamou para si as condições em que recebera o estado, mas também porque foi apenas no apagar das luzes de seu mandato que obteve do Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão do pagamento das parcelas da dívida, alegando a urgência da compensação da Lei Kandir — benefício que viria a cair no colo de Zema.

Foi no contexto do lavajatismo e das narrativas da antipolítica que Romeu Zema se elegeu em 2018. O eleitor mineiro se recusou a optar por PT e PSDB, berços de lideranças históricas, entre elas o atual vice-governador Mateus Simões (PSD). Zema recebeu o discurso pronto da inadimplência e também a porta de saída dela, à qual se agarrou para não pagar as parcelas da dívida em quase seis dos sete anos em que governa. Como resultado, a dívida de Minas com a União, que era de R$ 88,77 bilhões ao fim de 2018, alcançou R$ 177,48 bilhões. Os pagamentos só foram retomados em outubro de 2024.

Sete anos depois, o governo Pimentel ainda rende dividendos políticos a Zema, que exibe como principal — e aparentemente único — trunfo a “solução” da inadimplência com servidores e municípios: transferiu o problema estrutural da dívida para a União. “Devo, não nego, pago quando puder”, diria Jânio Quadros. Para viabilizar a solução definitiva da dívida, Zema contou com articulações do presidente da Assembleia, Tadeu Leite (MDB), das bancadas do PT e do PV, e do senador Rodrigo Pacheco (PSD), junto ao governo Lula.

Dessa articulação, alheia à gestão do governador, nasceu o Programa de Pleno Pagamento das Dívidas de Estados (Propag), desenhado para atender Minas Gerais. Ainda assim, Zema manteve narrativas e polêmicas, sem gestos de elegância com o presidente da República em visitas ao estado, chegando a atitudes consideradas descorteses em momentos-chave da negociação.

Zema não perde oportunidades de fomentar divisões e promover polêmicas ideológicas. Circula por eventos digitais em busca de visibilidade, repetindo chavões como “a esquerda defende bandido”, “a esquerda quebrou o Brasil”, “a esquerda é contra a religião” e “o MST é terrorista”. Acena ao bolsonarismo raiz, flertou com a possibilidade de ser ungido por Bolsonaro para a disputa presidencial e, frustrado, segue tentando manter-se no radar, inclusive admitindo a hipótese de ser vice em eventual chapa de Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Encerrando o ano, Zema optou por uma comunicação simbólica e polêmica, exibindo-se em sandálias em seu perfil oficial. O gesto contrasta com o fato de Montes Claros sediar uma das mais modernas fábricas da Alpargatas, referência em inovação e tecnologia. Na lógica do espetáculo virtual, a falsa polêmica parece valer mais do que a valorização da produção mineira.

Federação União-PP

A possível candidatura de Flávio Bolsonaro ao Planalto impulsiona negociações políticas. Em Minas, discute-se a entrega da presidência da federação ao prefeito Álvaro Damião (União) e da legenda ao deputado federal Rodrigo de Castro.

No União

Caso se confirme a movimentação, o senador Rodrigo Pacheco (PSD) tende a se filiar ao União, partido pelo qual iniciou sua carreira política.

Vídeo

Na esteira da emenda constitucional que isenta veículos com mais de 20 anos do IPVA, o vice-governador Mateus Simões gravou vídeo ao lado do senador Cleitinho (Republicanos), informando que Romeu Zema editará decreto, a partir de 1º de janeiro de 2026, para implementar a nova regra em Minas Gerais. Aliados de Mateus avaliam que Cleitinho não concorrerá ao governo do estado.

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