Segurança Pública em Minas: Quando o Problema Está no Governo, Não na Lei
Enquanto diversos estados brasileiros vêm registrando quedas expressivas nos índices de homicídios, Minas Gerais segue o caminho oposto. Entre 2021 e 2024, o estado viu os homicídios crescerem 15,4%, saltando de 2.285 para 2.637 casos. Os dados, da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), foram apresentados pela jornalista Bertha Maakaroun, com análise do renomado professor e especialista em segurança pública Luís Flávio Sapori, da PUC Minas.
Segundo Sapori, esse aumento da violência não é culpa da legislação brasileira, como alguns tentam justificar, tampouco do sistema Judiciário. O problema, afirma o especialista, está na gestão estadual da segurança pública, que perdeu eficiência nos últimos anos.
“A PM adotava um modelo de policiamento ostensivo técnico e científico até 2023. Mas foi perdendo sua capacidade operacional em função de sucessivas trocas de comando, o que desmonta um trabalho que estava consolidado na corporação”, explica Sapori.
Além da Polícia Militar, a Polícia Civil também sofre: falta de orçamento, dificuldades estruturais e sucateamento dos mecanismos de investigação contribuem para a limitação da capacidade investigativa. A situação reflete claramente uma gestão ineficaz, que enfraquece o combate ao crime e aumenta a sensação de insegurança da população mineira.
O governo Zema, que tanto prometeu eficiência na máquina pública, vem na verdade desconstruindo políticas que davam resultado. A insistência em nomeações políticas, a descontinuidade de programas bem-sucedidos e o descaso com a valorização das forças de segurança estão cobrando seu preço.
Diante disso, a pergunta que fica é: apenas prender mais resolve? O encarceramento em massa pode até parecer uma resposta imediata, mas sem investigação eficiente, prevenção qualificada e policiamento técnico, os presídios apenas incham – e o crime continua do lado de fora.
A segurança pública em Minas precisa de gestão séria, técnica e com continuidade. Trocar comando como quem troca de roupa, cortar verbas essenciais e ignorar os alertas de especialistas é receita para o desastre – e os números, infelizmente, já mostram isso.
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