sábado, 21 de junho de 2025

 



Um movimento voltado exclusivamente para homens cristãos e que promove atividades físicas intensas ao ar livre com a promessa de ajudar seus adeptos a “encontrar a melhor versão de si mesmos e seu novo potencial” tem despertado o interesse de políticos mineiros – de vereadores ao vice-governador do Estado. As referências ao grupo Legendários, que chegou ao Brasil dois anos após ter sido fundado, na Guatemala, em 2015, já apareceram, por exemplo, durante a posse de um prefeito, em cerimônia na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e até em projetos de lei.


O prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo), é um dos que mais verbalizam sua presença no movimento. Em 1º de janeiro deste ano, ele tomou posse para o segundo mandato com o uniforme laranja do grupo e levou mais de 15 legendários para a cerimônia na Câmara Municipal da cidade. Na ocasião, foi entoado o lema do movimento, que inclui trechos como: “O que somos? Homens inquebrantáveis! Para que estamos aqui? Para fazer história! A serviço de quem? Jesus!”.

O TEMPO, Gleidson explicou que fez referências ao Legendários durante a posse para “espalhar a palavra”. “Para Jesus voltar, o Evangelho tem que ser propagado”, justificou o prefeito, que comemorou a repercussão nas redes sociais. “Pensei: ‘vou colocar a farda e chamar os legendários, porque tenho certeza de que isso vai movimentar as redes e muita gente que não conhece o grupo vai perguntar o que é’. E graças a Deus acertei”, disse.

O lema do Legendários também foi entoado na ALMG em outubro de 2024, quando o grupo foi homenageado em uma cerimônia promovida pelo deputado estadual Charles Santos (Republicanos). Na ocasião, o deputado Zé Laviola (Novo) e o ex-deputado estadual João Leite (PSDB) compuseram a mesa usando o uniforme do grupo.

Deputado por sete mandatos consecutivos, de 1995 a 2022, João Leite relata que decidiu participar do movimento por ter servido no Batalhão de Montanha do Exército e por ter visto na iniciativa uma oportunidade de “ouvir mais de Jesus” – a quem o movimento chama de “legendário número 1”. Tanto Leite quanto Gleidson dizem que o movimento ajuda no fortalecimento da família e garantem não ver ligação do grupo com a política. 

O vice-governador e pré-candidato ao governo de Minas, Mateus Simões (Novo), é outro político que já “subiu a montanha”. Em janeiro deste ano, ele publicou uma foto para relembrar a experiência e declarou: “Não foi sobre resistência, foi sobre encontrar a forma de falar com Jesus, ou melhor, a forma de ouvi-lo. Feliz talvez não seja exatamente a palavra, mas realizado, por me sentir mais completo e me tornar o legendário 70.079”, disse na ocasião, em referência ao número que recebeu após a imersão com o grupo. Procurado pela reportagem para comentar sobre o momento, o vice-governador do Estado não se manifestou.