O Brasil teve teve 3.755 assassinatos a mais do que os registros oficiais, aponta o Atlas da Violência divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O estudo classifica essas mortes como homicídios ocultos.
Homicídios ocultos são as mortes violentas em que os estados não conseguiram identificar as suas causas básicas – se ocorreram por conta de um acidente, de suicídio ou se foi um homicídio, por exemplo. Estes óbitos são chamados tecnicamente de Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI).
Os pesquisadores do Ipea estimam que algumas dessas mortes entram nas estatísticas de homicídios ocultos e usam uma metodologia probabilística para estimar quais seriam estes números. A soma dos homicídios registrados com os homicídios ocultos (fruto deste cálculo) se transformam nos homicídios estimados, de acordo com o Atlas.
Caso essas mortes fossem contadas junto aos registros oficiais, SP deixa de ser o estado com menos homicídios per capita do país, e SC passa a liderar o ranking (veja na arte acima). Além deles, Acre, Rio de Janeiro, Paraíba e Rio Grande do Norte mudariam de posição.
Caso somados as mortes ocultas, os números gerais subiriam de 45.747 homicídios no Brasil para 49.502.A principal razão, segundo o estudo, é a deterioração na qualidade dos registros de óbitos em alguns estados, associada à dificuldade das autoridades em determinar se a morte foi resultado de homicídio, acidente ou suicídio.
Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia concentraram dois terços (66,4%) dos homicídios ocultos, segundo o estudo. O Anuário aponta que a inclusão dos homicídios ocultos "faz mudar significativamente os indicadores" dos estados.