O deputado estadual Ulysses Gomes (PT) criticou o aumento de quase 300% que será concedido ao governador Romeu Zema (Novo) e aos secretários estaduais. Apesar de também ter criticado o aumento concedido aos deputados no fim do ano passado, Ulysses Gomes disse que não se recordava se havia participado ou não da sessão que votou o reajuste dos próprios parlamentares, embora tenha votado favorável ao próprio aumento.

Segundo o líder do bloco de oposição ao governo de Minas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), todos os aumentos são “injustos” diante da realidade vivida pelos servidores estaduais e da situação “caótica” na qual o Estado se encontra em diversas áreas como saúde, educação e infraestrutura.

De acordo com Ulysses Gomes, o efeito cascata de aumento de salários na esfera federal permitiu a discussão do reajuste do governador e o aumento dos vencimentos dos deputados estaduais. “Eu sou crítico de cima a baixo”, assinalou o petista durante entrevista para o programa Café com Política da Rádio Super 91,5 FM, nesta terça-feira (28/3). Ao ser questionado sobre como votou o aumento dos parlamentares, Ulysses Gomes respondeu: “eu não me recordo se eu estava na Assembleia”.

Para o deputado, o governador tem se mostrado contraditório porque, apesar de ter se posicionado contrário aos jetons, que são bonificações extras por participação em reuniões de conselhos de empresas estatais, indicou secretários para receberem esse complemento que chega a dobrar os vencimentos. Além disso, o parlamentar lembrou que o chefe do Executivo registrou em cartório, antes do início do primeiro mandato, que não receberia o salário até que os vencimentos dos servidores estivessem em dia. “Mas os secretários, ao contrário do prometido, sempre receberam”, assinalou Ulysses Gomes.

Em relação aos jetons, Ulysses Gomes disse que o Legislativo deu a chance que o governo precisava para acabar com eles. “Apresentamos um projeto que proibia os jetons, votamos e aprovamos o projeto, mas o governador vetou e mobilizou sua base na Assembleia Legislativa para manter o seu veto”, explicou. Isso permitiu que os secretários estaduais continuassem recebendo os jetons.

Nesse sentido, o deputado considera que a “máscara do governador caiu”, porém ele continua tentando vender para a “sua bolha” e para os mineiros a imagem de “bonzinho” como um jogo político. “Isso tudo, além de contraditório, é uma provocação muito negativa para o servidor público porque o governo está brigando para aderir ao Regime de Recuperação Fiscal que congela nos próximos nove anos os salários dos servidores. Um reajuste tão absurdo quanto esse, de quase 300%, é uma contradição muito grande”, argumentou.